domingo, 2 de agosto de 2009

Primeiro aniversário da Geração Z no Brasil: o que não aconteceu e o que devia ter acontecido

taf325ioDemashita! Powerpuff Girls Z foi apresentada ao mundo com pompa pelo Cartoon Network japonês na Tokyo Anime Fair às vésperas do 1º de abril de 2005. Parecia ser a aliança perfeita: um animê — estilo de animação de sucesso mais crescente no mundo, comumente violento — baseado um desenho americano de sucesso incontestável voltado para meninas, mas onde a porrada comia solta, inspirado nos "japonesíssimos" tokusatsu de heróis uniformizados cada um com uma cor.

Mesmo sendo pouco popular, no Japão houve de tudo relacionado às Superpoderosas Z: DVDs para colecionadores (imagem), CD de músicas cantadas pelas dubladoras das heroínas, jogo para Nintendo DS, mangás, revistas, entrevistas e variados produtos.
Tudo isso em menos de um ano de exibição. O fã deveria gastar milhares para poder comprar tudo relacionado à marca. Hoje se completa um ano da Geração Z na América Latina, e o que se viu até agora: impopularidade, censura, infantilização e a exibição mais do que discreta e silenciosa no SBT.

Primeira coisa que estragou As Meninas Superpoderosas: Geração Z: a trilha sonora. As músicas usadas no Japão eram perfeitas, davam o clima pop necessário para que essa fosse mesmo uma versão jovem das Superpoderosas e eram revolucionárias para animês de meninas mágicas. Entretanto, por algum motivo, outra trilha foi criada para substituir por completo a japonesa: uma trilha evidentemente monótona, pouco envolvente, mal sincronizada com os tempos e incompatível em certas cenas.

Segundo lugar: desrespeito à ordem de exibição original. Até o SBT consegue exibir na sequência correta. Quando estava para passar o episódio 6, meteram o 6 das Meninas americanas. No fim de 2008, trocaram episódios do lugar sem motivo aparente.

Terceiro: adaptações e americanizações a esmo. Atingiu falas, imagens e até títulos de episódios. Cidade japonesa que se chama Nova Townsville? E aqueles personagens de olhos grandes com nome de gringo? E as Meninas, que não possuem identidades secretas? As placas mais fáceis de se editar foram traduzidas ao inglês, mas quem pagaria para traduzir para as línguas latinas? O personagem Snake, da Gangue Gangrena, mudou de sexo (imagem), possivelmente só por causa do cabelinho!

Quarto: censura. Onde havia a palavra amor ou paixão colocaram coisas nada a ver; como se fosse um escândalo a Lindinha ter um amor platônico e a Florzinha, um namoradinho. As Meninas e seus amigos e parentes não podem apanhar, por isso, dá-lhe cortes! Parece que o herói americano não pode apanhar. E quando os Meninos Desordeiros dão uma mijada nas cabeças dos cidadãos, trocam certas "mangueiras" por uma mangueira de verdade. Na hora em que eles fazem bundalelê/baleia-branca pras Meninas, a cena tem um belo corte. Quando o Sakamoto (o aluno arteiro) peida na frente da Himeko, a fumacinha do peido não sai. Quando o Souichirou/Jason dá um esbarram nos peitões da Sedusa, a cena torna-se incompreensível, tamanho o corte.
Disse o membro Henrique, da comunidade do orkut, sobre um episódio das Meninas americanas: "[...] um cara com uma arma na cabeça do prefeito enquanto ele está amarrado e outro com uma faca do outro lado, e [...] a cena extremamente sugestiva no final onde há um preso enorme com um sorriso olhando para o Macaco Louco e o narrador diz: 'O amor está no ar... Você pode sentir? ' ".
Nossos pais cresceram vendo Pica-Pau, Tom & Jerry e Pernalonga, os desenhos mais violentos e ofensivos do planeta — todos americanos —, e hoje em dia, livres de censura oficial, temos que suportar o politicamente correto. Autocensura é falso moralismo!

Quinto: divulgação ruim. Quase ninguém sabe até hoje que esse animê passa em plena TV aberta: no Sábado Animado, do SBT. O Cartoon Network, com sua política de restrição de público para quem tem até 12 anos, perdeu muito público. Aliando isso a um país em que a TV paga custa mais do que um olho, chegamos a um público-alvo ridiculamente pequeno. Para um canal que planejava inúmeros licenciamentos em 2008, fez por não merecer.

Sexto: nenhum lançamento relevante. O máximo que o Cartoon fez foi um joguinho em seu site, um quiz e toques telefônicos por celular e os bonecos do McDonalds — malfeitíssimos, por sinal. Isso foi exatamente tudo que o canal conseguiu lançar num ano inteiro! Em quatro meses os camelôs já lucravam com camisetas piratas e o CN, nada. No Japão, houve dezenas de lançamentos (imagem) relativos a materiais escolares, kits para lanches, higiene pessoal e beleza.

Sétimo: dublagem inconstante. Eu diria que não teríamos por que saber os motivos dessa inconstância, porém, as obras são dubladas para nós, e não apenas para quem trabalha com ela, por isso devemos mesmo é notar as falhas para que não as repitam.
Elenco restrito: algumas vozes se repetiram muito, tanto que quem mal liga para vozes deve ter percebido facilmente. Teve dublador que fez cerca de dez personagens! Sem falar que o dublador do Explosão, Rodrigo Antas, já tinha seu personagem meio garantido por tê-lo feito no desenho original, mas ele foi escalado para o Souichirou/Jason e para personagens menores.
Mudanças de vozes num mesmo personagem: o próprio Souichirou mudou de voz; por acaso, quem dublou ele depois é filho da dubladora da Sakurako. O Prefeito mudou de voz! O Domício Costa (voz do Dick Vigarista) foi substituído pelo Isaac Bardavid (Wolverine, Esqueleto e Eggman), que já tinha feito o quitandeiro do episódio 5.
Boa parte dos leitores fiéis do PPGZ Brasil gostam de dublagem e se informam sobre ela. A dublagem de As Meninas Superpoderosas é ótima e supera a versão original, mas a da Geração Z está anos-luz pra trás da japonesa. Incrível como a dublagem de Death Note, gravada no mesmo estúdio, no mesmo tempo e dirigida pelo mesmo diretor de PPGZ, é uma das mais bem feitas dentre os últimos animês.

Era uma série que tinha tudo para dar certo. Caderno das personagens, brindes de Elma Chips, bonecas em Lojas Americanas e versão brasileira decente: era isso que eu esperava em um ano, mas nada disso existiu. Tantos infortúnios fazem não ser descartada a hipótese de que podem uma estratégia suicida de manter as Superpoderosas originais melhores que as japonesas, porque se o animê fosse fiel à versão japonesa, teria potencial para superar o desenho precursor.
Por tudo dito até o penúltimo tópico, até o mais avoado telespectador com menos de 12 anos consegue entender o significado da mensagem A gente faz o que quer.

365 dias, 365 fracassos!


Com imagens do Moetron

3 comentários:

  1. Gostei de ve!!!!Vc tem toda rasão,eu esperei anos a fil para passar ppgz no Brasil e quando passa eles estragam td por mera crueldade de manter as ppg melhor q a versão japonesa,como se animes fossem coisas horriveis em comparação com as americanas!!!Td por mais audiencia e lucro com as ppg originais.Só pq a versão é japonesa não quer dizer q o público não vai querer ver,muito pelo contrário,pq hj em dia cerca de 60% do publico jovem quer ver animes a ver esses desenhos baratos e mal feitos americanos.E com essa mensagem do canal com certeza td vai mudar no mundo da audiencia.

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  2. Hey,adorei demais esse post!Quero ser parceira de um blog desses,me add?

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  3. PPGZ é um otimo animê, mesmo com as censuras, mesmo com a trilha sonora infantil. Eu espera-va que a Geração Z fosse subir PPG que esta-va caindo por falta de novos episodios. Mais infelizmente, o animê caiu, nimguem quis apostar nele, e até o SBT (fez a besteira) de nem ligar pro animê, têm gente que nem sabe de PPGZ existe. Infelizmente a serie foi um fracasso, mais teria sido pior se tive-se tido produtos e todos encalhassem, como aconteçeu com Sailor Moon. Quem sabe o animê nem existiria hoje. Eu só sei que agradeço por poder assisti-lo, seja ele como for, fazendo ou não sucesso.

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